Por Paulo H. dos Santos (Coordenador GT Desenvolvimento Humano Sustentável)

Dia 27 de setembro ocorreu o evento ESG para RH, promovido pela ABRH Brasil. Esta edição foi presencial e foi realizada na zona oeste de São Paulo, no espaço de eventos Armazém. O evento contou com a curadoria do escritor e CEO da ideia consultoria, Sr. Ricardo Voltolini, que proporcionou a devida sinergia entre os temas e painelistas. Assim como o público, os painelistas eram bem diversificados: membros de conselho, consultores, gerentes, diretores, todos envolvidos de alguma forma com pessoas e sustentabilidade. Parênteses: logo no início do evento, lembrei-me de uma pesquisa nacional sobre voluntariado lançada este ano que trouxe dados mostrando que apenas cerca de 13% das pessoas conheciam as ODS. Não tenho certeza quanto aos 13%, mas em ordem de grandeza não é muito diferente. Ou seja, nosso país ainda tem muito o que caminhar em termos de educação voltada a sustentabilidade. Ou ainda, o trabalho de cada gestor em suas empresas vai ser de letramento – palavra que apareceu muito, trabalho de base quanto a sustentabilidade. Fecha parênteses.

O evento iniciou-se às 9 horas em ponto e foi feito pelo Sr. Paulo Sardinha, presidente da ABRH Brasil, que em breves palavras destacou a importância da natureza do evento e logo na sequência, do Sr. Ricardo Voltolini, que destacou a curadoria do evento.

O evento:

Ocorreram 4 palestras e 7 painéis. As palestras foram ministradas pelos patrocinadores e trouxeram relevância às jornadas pessoais dos palestrantes. Graças aos programas de inclusão e diversidade, por exemplo, as palestrantes da Totvs e da Gupy  tiveram oportunidades diferenciadas em suas carreiras. Tiveram condições de enfrentar de forma equânime o sistema educacional e o mercado de trabalho. As apresentações da Humanizadas e da AON trouxeram dados mais técnicos processuais e sobre ESG, também de forma interessante e com gostinho de quero mais. Cada vez mais, fica claro o desenho dos 3 P’s da administração: Pessoas, Processos, Produtos. Este modelo servirá para implantação de qualquer programa de ESG – guarde bem!

Sobre os painéis, fica também muito difícil dizer qual foi o melhor ou qual o destaque do evento. Tantas empresas B2B como B2C participaram dos painéis, e isto já diferencia a abordagem na implantação de um programa de ESG, por exemplo. Os stakeholders são outros, a dinâmica de mercado e a exposição a riscos são diferentes. Há também diferença entre as indústrias de serviços e produtos. Tudo isto deve ser levado em conta em uma implantação de ESG. O grau de maturidade da empresa e a sensibilidade quanto a temas relacionados a sustentabilidade, é fundamental para avaliar o grau de sensibilização na formação de grupos de afinidade, por exemplo, que a empresa deverá passar. O destaque para a o papel das lideranças no sucesso de qualquer mudança cultural já é conhecida como valor ao RH. No processo de change manegement , é fundamental iniciar-se por elas, tendo a devida preparação e alinhamento de metas a remuneração. No caso da Natura, foi desenvolvido o Integrated P&L, que traduz os resultados do ESG para uma linguagem econômica. Talvez os maiores desafios junto aos stakeholders internos seja obter o engajamento. O caminho até obter este nível de maturidade corporativa depende de alguns fatores, sendo destacados a escuta ativa – termo bastante utilizado – e transparência nas relações. Isso demanda ainda mais de lideranças bem preparadas. Como dito por um dos painelistas , ‘O ESG é uma oportunidade de trazer o RH de volta ao protagonismo’.

Quanto aos stakeholders externos, creio que é a empresa perceber que não é dona da marca, a marca é do cliente também. É outra concepção de produto (lembra dos 3 P’s?). O cliente ajuda a fazer o produto e assim, fortalece a marca. Da mesma forma como uma relação transparente e equânime entre empresa-colaborador ajuda a construir um forte employer brand.

Quanto aos pontos a melhorar, destaco 2 deles. O primeiro é a aproximação do board com o operacional. Não existe solução fácil para problema complexo.  Diz a história que uma empresa famosa de chocolates suíços quis acabar com o trabalho análogo a escravidão de onde vinha seu cacau. Foi então feito o convite para que os executivos fossem visitar os locais de onde vinham o cacau na Africa. Lá eles viram que era bem mais complexo que simplesmente comprar ou não o cacau vindo destes lugares. Havia a necessidade de investimento em todo o ciclo de produção e seus colaterais para que se desenvolvesse a produção local. Como disse a palestrante, as vezes é melhor ‘subir o morro’ e ‘vivenciar’ do que participar de algumas reuniões. Outro ponto a melhorar é que existem várias ações e imagino qual a ‘grandeza’ de ações estão sendo feitas, mas não comunicadas adequadamente ao mercado. Por exemplo, você chama seu seguro pois está sem partida no veículo. A pessoa vem em um guincho eletrificado, analisa e troca a bateria. Primeiro: guincho plataforma eletrificado! Segundo: o que vai ser feito com a bateria velha? Há todo um processo de descarte sustentável! O mesmo ocorre com peças automotivas, óleo velho, etc. Uma empresa de moda reutiliza o algodão de coleções anteriores para futuras coleções. São informações valiosas para quem acha que não há agenda  sustentável no país, ou está desalentado.

Aos poucos as empresas estão se conscientizando de seu papel social no planeta. No Brasil, ainda temos muito o que caminhar, acredito que começando com a educação para a sustentabilidade. Eventos como este ajudam a disseminar ainda mais conhecimentos voltados a sustentabilidade e que venham mais!

Há muita luz no caminho já trilhado, mas ainda há muito do desconhecido adiante. Como dito em um dos painéis, o ESG começa com cada um de nós. Parabéns aos envolvidos no evento e desejo muita resiliência a todos!

Evento ESG para RH