Texto de Marcus Nakagawa

Com o avanço da tecnologia as empresas criam as várias versões de softwares, aplicativos e hardware. A cada nova melhoria são colocados números na frente do produto para sabermos que versão você está tendo acesso ou consumindo. Na indústria automotiva também tínhamos estes dizeres, quem não lembra do Gol geração 3 ou 4?  Alguns especialistas em marketing dizem que esta é uma forma de ter mais clara a gestão da obsolescência programada e/ou percebida, ou seja, como fazemos o gerenciamento para que o consumidor ou o cliente queira um produto ou serviço mais moderno e atual. Muitas vezes, um produto com a mesma funcionalidade, porém com uma cor diferente ou um botão a mais. Em outras melhorias fazemos que o software antigo não funciona mais e aí você tem que comprar um novo celular, por exemplo. Talvez por isso em todo o planeta tem 5,1 bilhões de pessoas usando algum tipo de aparelho celular, segundo o relatório da Economia Móvel 2019 da GSMA, imagina quando chegar o 5G aqui no nosso país. Aliás, mas um número ligado à tecnologia que tornará a 4G mais obsoleta.

Este termo está sendo utilizado nas Indústrias, que adotou o conceito de Indústria 4.0, que atrela os avanços tecnológicos, como a tecnologia da informação e engenharia. Estamos aprimorando da revolução digital da era da informação para somar a internet das coisas, computação em nuvem, impressão 3D, sistemas ciber-físicos, drones, inteligência artificial, robótica, big data, entre outros.

Para o Brasil é um grande desafio pois em 2019, segundo o Índice Global de Inovação (IGI), o país perdeu duas posições em relação ao ano anterior e está como o 66º mais inovador comparado a 129 países. O governo federal possui até uma agenda brasileira para a Indústria 4.0 que conta com várias associações de empresas, indústrias, universidades, agências de pesquisa, entre outros. No site www.industria40.gov.br apresenta alguns passos e dados sobre a temática.

Mas para a este novo posicionamento 4.0 das indústrias e empresas será que as questões ligadas à responsabilidade social e ambiental (RSA) precisam ser repensadas? Sabendo que muitas empresas estão se dedicando à RSA.

A responsabilidade social e ambiental parte do princípio do tripé da sustentabilidade: ambiental, social e financeiro. Este conceito cunhado por John Elkington, que acabou de fazer um “recall” do termo em junho de 2018 na Harvard Business Review.  No ano de 2019, o conceito fez 25 anos e Elkington colocou que precisa fazer uma afinação ou uma melhoria como as montadoras fazem com os carros ou geladeiras quando vem com problemas.  O visionário diz que daqui a 25 anos poderemos olhar para trás e apontar que neste momento começamos colocar efetivamente a tríplice hélice na criação de valor e no código genético do capitalismo, estimulando a regeneração de nossas economias, sociedades e biosfera.

Marcus Nakagawa

Estamos falando de uma responsabilidade social e ambiental (RSA) 4.0 que efetivamente crie valor e tenha propósito nas organizações. Empresas que cada vez minimizem sim o seu impacto social e ambiental, atividades que podemos observar na maioria das grandes empresas e seus relatórios de sustentabilidade. Mas mais do que o RSA 3.0, partam para gerar impacto positivo na sociedade e no planeta, com produtos, processos, serviços e projetos que ajudem a regenerar o que temos desgastado do meio ambiente e das desigualdades econômicas e sociais. Isso tudo sem abrir mão dos retornos financeiros. Não é utopia, já existem muitas organizações, associações e empresas desenvolvendo tais conceitos na prática. Termos como Capitalismo Consciente, Negócios de Impacto social, Finanças Sociais, Empreendedorismo Verde, Empresas B, entre outros, começam a aparecer e fazer muito sentido para grandes investidores e empresários. 

Talvez seja este tipo de obsolescência programada ou percebida que precisamos trabalhar, colocando impactos positivos e propósito, somado à esta tecnologia do movimento do 4.0. As empresas precisarão se movimentar para a Indústria 4.0 e para a RSA 4.0.

* Marcus Nakagawa é professor da ESPM; coordenador do Centro ESPM de Desenvolvimento Socioambiental (CEDS); idealizador e conselheiro da Abraps; e palestrante sobre sustentabilidade, empreendedorismo e estilo de vida. Autor dos livros: Marketing para Ambientes Disruptivos e 101 Dias com Ações Mais Sustentáveis para Mudar o Mundo (Prêmio Jabuti 2019). www.marcusnakagawa.comwww.blogmarcusnakagawa.com

Marcus Nakagawa estará no ODS Talks ABRAPS 2020 com nosso Grupo de Trabalho Marketing Sustentável no dia 27/11, das 16:30 às 18:00h. Confira a programação completa e inscreva-se em www.odstalks.com.br

As opiniões contidas neste texto são de inteira responsabilidade de seus autores e não refletem, necessariamente, as opiniões e posicionamentos da ABRAPS.

Responsabilidade social e ambiental 4.0 – RSA 4.0