Em continuidade à pesquisa a respeito das contribuições das organizações para o cumprimento dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), conforme a Agenda 2030 promovida pela ONU, os professores Bárbara Galleli Dias e Elder Semprebon e estudantes de mestrado e doutorado do Programa de Pós-graduação em Administração da UFPR, agora divulgam os resultados de uma nota etapa do estudo.
O estudo, que obteve respostas de organizações brasileiras, investigou a influência de pressões do ambiente externo sob o engajamento das organizações com os ODS, diante da pandemia da COVID-19. Entre tais pressões, estão as pressões advindas de legislações, de órgãos do governo e reguladores; as pressões provenientes de normas internas da organização, de alianças setoriais e de redes profissionais, como a Rede Brasil; e de pressões relativas à competitividade e à incerteza do ambiente, como o benchmarking e imitação de ações de organizações consideradas líderes no setor.
Com os resultados da pesquisa, evidenciou-se que i) as organizações que sofrem pressões externas com maior intensidade, estão engajadas com os ODS em um patamar mais avançado e estratégico, e ii) as organizações que sofrem pressões externas com menor intensidade, estão engajadas em um patamar inicial com os ODS.
Foi constatado também que as pressões relacionadas a normas internas ou a normativas de alianças ou redes, influenciam as organizações com maior intensidade, mas, são as pressões governamentais e reguladoras as que têm um maior impacto em termos de variedades de ODS. Já as pressões relacionadas à competitividade e à incerteza do ambiente influenciam este engajamento com uma intensidade bastante tímida.
Quanto ao engajamento com ODS, a maioria (ODS 4; ODS 5 ODS 9; ODS 10; ODS 11; ODS 16; ODS 17) é influenciado unicamente por pressões governamentais e reguladoras. Isso significa que quanto maior intensidade nas pressões do governo, maior o engajamento das organizações.
Enquanto isso, os ODS 1 – Erradicação da pobreza; ODS 3 – Saúde e bem-estar; ODS 8 – Trabalho decente e crescimento econômico e ODS 12 – Crescimento e produção sustentáveis, não têm o nível de engajamento afetado, independentemente da intensidade ou da fonte de pressão externa. Este resultado pode ser um indicativo do envolvimento voluntário das organizações com estes ODS, durante o período da pandemia.
De acordo com a profa. Bárbara Galleli, embora o estudo tenha apontado resultados otimistas – as organizações estão de alguma forma engajadas com os ODS durante o período pandêmico – os dados também trazem alertas: “A pesquisa aponta para o papel fundamental dos organismos reguladores na realização da Agenda 2030, o que já é previsto e esperado. Porém, tal expectativa pode desencadear alertas sobre i) o ainda baixo envolvimento do setor público com os ODS, e ii) a dependência da coerção, em detrimento da proatividade das organizações em relação às agendas sociais e ambientais em tempos de crise”.
A pesquisa foi submetida a um periódico internacional e contou com o apoio da Rede Brasil do Pacto Global, da Associação Brasileira dos Profissionais pelo Desenvolvimento Sustentável (ABRAPS) e da Comissão Brasileira de Acompanhamento do Relato Integrado (CBARI).
Confira a publicação da pesquisa, na íntegra, clicando aqui.